Não sou a raposa nem havia tal
acordo quando lentamente nos tornávamos inseparáveis e quando nas noites
insones me fazia companhia, sentia sinceramente que nossa amizade nunca
chegaria ao fim.
Vidro trincado seja um copo,
seja um pára-brisa de carro é perigoso para uso. Mas isso se nota em qualquer exemplo de algo
que se quebra, pode até ser colado, mas ficará com certeza desgastado e não
durará muito tempo, um cristal que não recupera, uma pedra que rola de uma
montanha se quebra em duas, a pedra nunca será a mesma, a montanha nunca será a
mesma.
É preciso ir além de solicitações de amizades em redes
sociais é necessário conviver, estar junto, fazer cara feia pras manias do
outro (Mesmo sabendo que você terá que conviver com elas), puxar a orelha sem
arrancar o brinco preferido, ouvir a mesma musica e se alegrar, assistir o
mesmo filme e fingir que um cisco caiu no olho, como diria minha vó e muitos
maranhenses : “Ser duas almas no cu de
um bode”! Ou como diria uma velha vizinha: Cheirar o peido um do outro.
Apesar de tudo isso do
respeito e amor, todos os laços, importâncias e confianças depositadas, ninguém
garante que daqui um tempo tudo isso permanecerá, às vezes as despedidas
acontecem até sem um adeus, a amizade morre sem um enterro decente e pode ser
que seu melhor amigo se torne alguém qualquer na multidão e você não o
reconheça mesmo que ele continue o mesmo.
Fato que grandes amizades não
se acabam da noite pro dia, elas vagarosamente se apagam e os bons momentos se
tornam lembranças que vez ou outra nos atormentam.
Assim eu guardo em um baú
todos os momentos bons da nossa amizade, as ligações na madrugada e os risos na
sala de aula, o bilhete informativo as Sms’s e os poemas amáveis, e escondo esse
baú para que nenhuma Pandora possa abrir tudo aquilo que restou e é meu,
pertence a mim e que eu mesma por vezes terei que abrir em dias ébrios em que a
tristeza me abraçará.